sábado, 20 de março de 2010

O Vampiro e a Dragão. Uma linda estória de terrorch e amorch!


Era uma vez (não é assim que se começam todas as belas estórias de amorch?) um moço muito bonito, jovem, cabelos negros, olhos grandes arabeados, longos cílios, lábios finamente desenhados com uns vermelhos de um carmim fosco muito bonito, barba cerrada. Quase um príncipe mouro!

Toda essa beleza estava confinada numa estatura bem inferior à mediana. O moço bonito não era alto como todo príncipe o é! Era baixinho mesmo. Até Xuxa poderia confundi-lo com um de seus baixinhos, não fosse a barba muito cerrada.

No reino onde o moço bonito vivia, todo mundo que o olhava pela primeira vez (e pela segunda e pela terceira e pela infinita vez), já virava o rosto pra o lado e comentava com o vizinho: ih, é gay!

Mas é maldade do povo daquele reino. Só porque o moço fazia escova nos cabelos, fazia as sobrancelhas, fazia pedicura, manincure e cudicure... ops! isso eu não sei se o moço fazia, não!

Dizia o moço, ou a lenda, não sei, que ele nasceu vampiro. Sei lá, ele tinha (ou pelo menos dizia ter) umas coisas de licantropia; que virava vampiro nas noites de lua cheia e que saía, uivando gemidos pela aí, à procura dos amigos e amigas que lhe fornecessem sangue.

Naquele reino toda gente tinha muito medo de vampiros e, por ser um reino moderno e tecnológico, ninguém usava mais réstias de alho para afastá-los. Chamavam mesmo, isto sim, os skinheads e mandavam matar. De vez em quando encontravam-se vampiros mortos com as presas arreganhadas e com os corpos todos manchados de roxo de tanto que as bichinhas... ops! de tanto que os vampiros apanhavam.

Chegou o dia que o moço bonito vampiro teve que negar, veementemente, pelas chagas da Virgem Maria (uai, eu nunca soube que a Virgem Maria tivesse chagas!) que ele nunca nascera, nunca fora e jamais seria vampiro. Que isso era um outro babado e, num gesto tufânico, levantava o braço direito (o esquerdo se punha dobrado na cintura), girava o dedo no ar e saía rodando feito uma louca, quebrando toda a louça que havia por perto! (Quero dizer, não tenho certeza de que era bem assim, mas que tinha uma coisa parecida, tinha!)

Mas antes disso, o vampiro era bom vampiro e não usava os dentes para sangrar as suas vítimas. (Vou contar em segredo para que o moço bonito não saiba que eu contei... porque ele mesmo, em dentes e capa preta me contou) Ele retirava sangue das veias dos amigos e amigas com uma seringa e injetava nas próprias veias. (Naquele reino progressista e tecnológico os sangues não eram diferentes, por isso nem se sabia o que era um choque anafilático!)

Nunca se soube por que ele agia assim. Se por cortesia, gentileza, elegância ou nojo mesmo, de sangue. Ui! Deve ser nojento, creio, pensava o moço tão bonito! E tinha três frêmitos seguidos... o primeiro, quando sacodia o corpinho. O segundo, quando revirava os olhinhos e o terceiro... ah, deixa pra lá. Isso não tem importância nessa bela estória de terrorch e de amorch.

O moço bonito não gostava de humanos. (também, coitado, teve uma infância de fazer dó, de tão infeliz foi!)

Foi criado por uma avó. (dizem que menino criado por avó é pior do que filhinho-de-mamãe. Mas é mentira, porque o moço da nossa estória não dá chiliques; estuda e trabalha com uma aplicação digna de um aluno das mais tradicionais escolas inglesas e suecas e sempre exerce a humildade de dizer que nada sabe, para acatar, com polidez, qualquer informação que venha de qualquer pessoa ou lado ou janela ou porta. É um eterno e aplicado aprendiz como convém a qualquer moça de família que estuda na Suíça...(ué, não entendi. Não era moço?)

Numa noite que não era de Lua Cheia - portanto o moço não corria o risco de sair pela aí, andando de quatro e uivando gemidos -, eis que bebendo vinho temperado e hidromel, nas dependências de um castelo medieval – bem, não era assim tão castelo, nem tão medieval, mas o proprietário, vestido numas roupas que hesitavam entre ser de um duende, misturadas com Peter Pan, chapéu tirolês e botas de mulher dominadora, insistia em afirmar que era, sim! Bem, o fato é que era um castelo de mentirinha. A gente finge que acredita que o castelo era medieval como convém em qualquer estória de moços vampiros e moças dragões. Sei lá se o proprietário não vai arrancar uma das botas e sair dando marteladas com o salto fino e altíssimo nas nossas cabeças, não é?

Mas também, que língua mais maledicente esta minha!... que importância tem isso de ser um castelo de mentirinha com uma bicha proprietária equivocada nas roupas?!

Então, naquela noite de lua indecisa entre estar e não estar, o destino pôs, à frente do moço, a moça! A moça era um dragão!

Não, Senhores! Não! Não era dragão por ser feia! Que horror! Eu sou o maledicente e vocês é que concluem coisas antes de saber as coisas? A moça só era dragão, oras!

A moça era linda como convém a toda moça que espera um príncipe. Era casta e virgem como convém a todo príncipe que procura uma princesa (embora a moça, de princesa só tinha a cara e os dentes... era pobre! mas poooobre de fazer dó! E, como dizia o Juca Chaves, ser bela e pobre é uma merda!) Bonita! Mas bonita! Bonita como um botão de rosa no meio de uma vastíssima cabeleira negra.

Havia uma coisa estranha naquela moça bonita e dragão. Ela sempre falava e ria ao mesmo tempo, o que nunca permitia entender e compreender o que ela estava dizendo. Era uma voz fina, gasguita, infantil de jardim de infância que saía desembrulhada em umas gargalhadas feitas no interior da laringe, na aspiração do ar e não ao contrário como toda e qualquer gente daquele reino... parecia bobo falando e rindo uns hô, hô, hô.

Não, isso não é maledicência... isto é só dicência!

O moço olhou para a moça e a moça olhou para o moço! Tóimmmm... o vampiro e a dragão se encontraram. Forjou-se na alma licantrópica dele e na dela draconiana alma um destino selado! O amorch e o terrorch!

O moço, fazendo ares de Clark Gable; na mão direita o copo de hidromel, sobrancelha esquerda levantada (ele não sabia que quem levantava a sobrancelha esquerda era a Vivien Leigh e não o Clark Gable!). Mas digamos que isso tudo, essa pequena escorregadela de dentro do armário, tenha sido apenas moção levada pela emoção do momento. Queda oportunidade de perdão, não queda?

Nesse momento de explosões de fosfenas e coraçõezinhos no ar, bichice de um lado e bichice do outro, o mundo disse, em uníssono um oh! magnífico, grave, circunspecto como um mantra do som primordial!

...

(Aqui eu paro a linda e melíflua estória de terrorch e armorch.

Espero com fé na Sagrada Senhora dos Finais Felizes que eu tenha mais colaboradores para desenvolver essa estória de romance, capa e espadas, castelos medievais falsos, cabelos esticados na escovinha e fartas e indomáveis cabeleiras negras...

Apenas quero registrar aqui uma angústia minha: será que os filhinhos deles serão morcegos – asas de dragão e dentes de vampiros?

4 comentários:

  1. Que "dragã" nunca quis um "vampiro de estimação" em sã rpg consciense?

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  2. mas para parecer que pertenciam a nobreza, os parentes dela diziam que era uma "dragonesa". Se mulher de dragão é dragonesa, a mulher do vampiro é vampiresa?

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  3. Fala sério... acho que pela genética tá trocado... a vampira era a moça...
    Afinal filha de quem, com o padrasto que tem... vc tá é mal informado moço!

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  4. opa! dados novos! Manda mais informação para este pobre e desinformado roteirista, por favor!

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